E NASCEM ROSAS

Naufragamos todo dia,
No mar imenso do amor,
Nos entregamos à volúpia,
Sorvemos todo o sabor,

E nos deixamos levar,
Feito brisa no pomar,
Pela voragem que assoma,
Sem juízo, sem redoma,
Que o corpo inteiro nos toma,
Como a tarde por palomas,
Se derramando em carícias,
Compartilhando as primícias,
No encontro boca a boca,
No ponto a ponto da troca,
Corpos juntos bem colados,
Sobre o leito desarrumado,
Deixamos que a noite escoe,
Que Eros nos abençoe,
Nos sentimos flutuantes,
Almas extasiadas, soantes,
Confortavelmente gloriosas,

Enquanto as estrelas brilhantes,
Parecem fulgir nesse instante,
Em aplausos - curiosas.

Nos amamos, de tudo mais esquecidos...

Ecléticos, poéticos, transcendidos...

Mas, que importa o tempo ido,
O vórtice do sentido,
Se no jardim nascem rosas?
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HLuna
DELEY