UMBIGO

UMBIGO

A dor vem do umbigo

Ou seria de minha mente

Ou até mesmo de meu coração

Vomito que surge do nada

Fala alta de ira

Enjôo de ser eu mesmo

Estou só na solidão

Andarilhos que me acompanham

Todos sem faces

Sem nomes

Roupas esfarrapadas

Cheiros fétidos

Ruas passam por mim

Como morcegos na escuridão

Subidas, descidas como seu corpo

Buracos e paralelepípedos

Orifícios e fendas

Mata e pêlos

Onde mais ninguém passa

Passo em busca de você

Espremo-me

Lambuzo-me

Subjugo-me

Lugares mórbidos e escuros

Míssil de prazer

Fuzil podendo matar

Latrinas da sociedade

Orifício em um abdômen a muito falido

Diante de mim vejo tudo

Reações de libido

Vejo línguas, membros e umbigos

Ondas de enjôo

Vereda sem volta

Coqueiro a balançar

Dor pulsante e o tronco a rachar

Tudo gira até o astro rei gira

Caminha na minha mente

Não tenho percurso

Tempo já se esgotou

Vômitos.

Enjôos.

Solidão.

André Zanarella 17-06-2008

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Vomito e enjôos provocados a mera sorte, avesso do tempo que cultiva e as torna em solidão ativa, vives só e do só se vive, convive, dar-se todo tempo ao lamento, sem mudar o disco, a tenaz já não o colas o bastante, e as orcas que temem voltar morrem a praia, olhos cegos, vigilância desgovernada, sentimento atado, mãos amarradas, sem nenhuma chance, sem nenhuma arma, apontada, rasgada, inventada, muitas vezes sonhada, nunca realizada, olhos ainda fechados, ao lado já não enxergas, são cegas, te negas, medo, em frente a frente, todos os dias se tem a razão, de continuar a viver e não sofrer, no entanto ainda finge nada acontecer, sempre espera anoitecer, um dia quem sabe ainda vais entender conhecer, basta abrir os olhos... e enxergar.

Henrique cunha 17-06-2008