Paxão iscundida nu peitu


                        
 Interação do poeta Airam Ribeiro  para 
                               meu texto “Noiva di Chicu Bentu”, que terminou
                               se transformando em dueto. 


 
Inda alembro era minino
Lá na iscolinha do interiô
Eu num era muitio ladino
Nessa questão de amô.
Te amava as iscundida
Mais cum a alma firida
Eu fui sempre um sofredô.
 
Inquanto tu batia as aza
Pra xico Bento o facêro
Eu ia pra minha casa
Cum meu distino traiçuêro
Pru cauza dum caipira
Quagi qui cum u?a imbira
Minforcava no dizispêro.
 
Ele fugiu cum a Rozinha
Te dexano num dizalento
Pensei, ela agora é minha
Vai isquecê Xico Bento
Mais pra mim ocê num oiô
E eu cuntinuei cum a dô
Sem isperança só tormento.
 
Inté oji inda te ispéro
Istá aberto meu coração
Xico Bento ta cum ôtra
Ele num gosta docê não
Ele num te qué nem sabê
Vem pra quem gosta de ancê
Vem matá minhas paxão.
 
Joga essa aliança fora
E óia mais para quem te qué
Vamos juntá os pano agora
Bota no meu amô mais fé
Eu vô te ajudá a isquecê
Aquele que te fez sofrê
E seja lá o qui Deus quizé.

Outubro de 2010
 







MUSA DU PASSADU


 
Si tu sufria na iscola
Purqui nunca falô nada?
Pra ninguém eu dava bola
Eu era invergonhada.
Só cum meus dizesseis anu
Mudô tudim us meus pranu
Pur ficá inamorada.
 

Eu nunca bati as aza
Pois meu pai nunca dexô
Eu namorava  im casa
Nunca fui di fulosô.
Fui gostá di Chicu Bentu
Mais issu inda lamentu
Minha vida si atrapaiô
 
 
Si ocê di mim gostava
Pra mim nunca demonstrô
Cas outra ocê brincava
Ti vi inté danu flô.
Nas trança da Filumena
Ocê pois uma açucena
E um versu decramô.
 

Ocê casô ca Maria
Pur ela era apaxonadu
Teve uma renca di fia
I cuntinuô caladu.
Dispois seu céu fico turvu
Quano ocê fico viúvu.
Nunca mi mandô recadu.
 

Mais si é verdadi a paxão
Qui ocê senti pur eu
Dependi da cundição
Vô ti aceitá meu Romeu.
E a parti dessa óra
Jogo a aliança fóra
Já ti cunsidéru meu.


Hull de La Fuente 
 






Nóis vai vivê feliz
 (Airam Ribeiro)

 
Essa musa do passado
Min deu tanta inspiração
Ficava te oiano de lado
Quagi lôco de paxão
Pru cauza de Xico Bento
Eu nun tumava intento
Isperano a ocasião.
 
Um dia levei u’as fulô
Inté maginava a sena
Eu ia te falá de amô
Mais eis quem te acena!
Fiquei cum reiva no momento
Tu se abraçô Xico Bento
Eu dei as fulô Filomena.
 
Inté préla uns verso fiz
Mais tava oiano procê
A muié qui num mi quis
E qui min fazia sofrê
Da Filó eu min afastei
Pois dela nunca gostei
Pois só pensava ni ocê.
 
E ocê cuntinuava
Cum Xico Bento incrontá
Antonce eu min afastava
De ocê bem digavá
Foi quando cuicí um dia
U’a muié de nome Maria
Qui cum ela eu fui cazá.
 
Mais o distino num quiria
E fez a preparação
Levô Maria um dia
Vi saino no caxão
Dexano os fio duente
E os pobrizin inocente
Fui criá sem condição.
 
Eles enton se crescêro
E o mundo eles ganhô
De mim dizaparicero
E óia agora cuma tô
Mais agora te incrontei
Jamais eu  dexarei
Iscapá ocê meu amô.
 
Ta quais pronto o ranxin
A inergia nóis usa o luá
Tulevizão é a jinela
Para o céu nóis oiá
As luis vem dos pirilampo
E os ares puro do campo
É qui nóis vai respirá.
 
A água vem lá da serra
Onde tem u’a nascente
Ela vem imbáxo das terra
Vem nos cano tô ciente
Nóis vai bebê água pura
Pois ela vem cum fartura
Sem ninguém cobrá da gente.
 
E lá naquele ranxin
Nóis vai relebrá o passado
Ao lado da fogueira e quentim
Nóis vai cumê mio assado
E nas noite de São Juaão
Nóis vai dançá no salão
Agarradim, abraçado.
 
Airam Ribeiro
 



Obrigada, Airam. Amei esta brincadeira.
Um grande abraço,
Hull
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 01/11/2010
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