Derramo à noite meus pobres versos tão mal vestidos
Tristes peregrinos de ventos errantes e tão distantes
E aqueles olhares que se perderam insanos aos ventos
Meus versos mais sentidos e mais do que esquecidos
Sonhando tantas belezas de tudo como era antes
Mendigando um sem tempo no vão dos sentimentos
E embevecida de lembranças tantas
Desce-me a noite em panos brancos
Em momentos de vento insano, esgano o tempo
Enlaço do esquecido engano meus versos tristes
Dando minhas mãos à brisa mansa
Que hora me alcança, plena de esperança
Mendigo elementos num esgueirar de sentimentos
Que livres em passa-tempos escorrem por entre meus dedos
E no passar do tempo perco em vão todo o alento
E o ínfimo do momento num átimo sem vento
Enlaça-me serena tal uma mortalha tão branca
E branda a brisa atiça-me um tal sentimento
Que me escorre por entre os infames instantes
De tudo o quanto antes de findar todo esse tempo
Agarro-me então nestes instantes
De todos os nossos inconstantes segmentos
E infames aviltando os átomos que nos envolvem
Destroçamos a mortalha do luto incontinente
Vestindo-nos de um sem tempo e tudo que perdemos.
Bem antes de sermos tudo o que esquecemos...


(Com Cássia Da Rovare)

 
Marcos Lizardo e Cássia da Rovare
Enviado por Marcos Lizardo em 30/09/2010
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T2528758
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