DISPERSOS NO ESPAÇO

Naquela praia, pela areia
eu andava distraído,
admirando a natureza,
quando, como uma sereia,
tu me deixaste surpreendido
com tua delicada beleza.
 
Foi num momento de distração 
que te olhei quase sem querer
e você sem perceber prendeu-me em teu olhar,
como o metal que é atraído por um imã.
E quase já sem força não resisti.
 
Ao cruzar, olhamos de lado
e, quando voltaste o olhar 
eu te olhava paralisado.
Rápido, nos aproximamos
e como velhos conhecidos,
descontraídos, conversamos
e quase trocamos segredos. 
 
Era como se aquele momento 
fosse o nosso reencontro.
Como se tivéssemos algo a resgatar.
Perdi-me em teu olhar, 
que naquele momento me falava muito mais 
do que todas as palavras que conseguimos trocar.
E foi neste mesmo silêncio que nos despedimos.
Levei comigo teu olhar 
que sem nenhuma intenção inundou-me a alma.
 
Depois, cada um pra seu lado,
seguiu o seu caminho,
nos dispersando no espaço.
Agora, aqui desacordado,
pensando em ti e sozinho,
eu já não sei o que faço...
                       
Hoje, sigo solitária a procurar por ti.
Tento encontrar em cada rosto aquele olhar 
que me atraiu feito uma presa.
Mas, não te encontro em ninguém
e sempre volto àquela mesma praia 
na esperança de te reencontrar.

 
     Fernando Alberto Couto  / Kika Brandão 

 
Fernando Alberto Couto e Kika Brandão
Enviado por Fernando Alberto Couto em 27/09/2010
Reeditado em 09/02/2015
Código do texto: T2524189
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