Lagartixa e o Colibri

Fui uma lagartixa
assim pequena, assim noturna,
mas de olhos grandes, velozes,
daqueles que observam e não falham.

Então foi de lá que te conheci
Seu nome era Josefina e eu Colibri
Você se espreguiçava do lado de fora
Tomando sol na grama e folhagens
À noite se recolhia e depois se nutria
Pelas paredes, ágil e lépida, caçava insetos

De mãos que prendem, que grudam, que aderem
à mínima saliência da vida que desliza
no quando, no onde, no como e no por quê,
prendiam-me à existência dos espaços livres,
entre ramos e ramas, novo embarque.

E eu me deliciava com o teu requebrar
Não me sobrava nem uma flor pra bicar
Um dia roubei dos teus lábios famintos
Ao te ver distraída... Retirei da tua língua
Minúsculo e frágil envenenado mosquito

Hábitos noturnos, de cabeça para baixo,
enxergava direito o mundo avesso,
avulso, em convulsão.

E ali então fizemos sólida amizade
O que sobrava das tuas caçadas
Dividia comigo a solidariedade

Daquela aventura errante, insipiente
restou-me a lembrança das cores,
das formas e contrastes,
saltando versos livres, delirantes, esbugalhados.

Ainda guardo no DNA das reminiscências
O teu pulsar rápido e conseqüente
No mundo meio selvagem e atraente
E como éramos ontem... Tão felizes

Revivemos agora daquelas lembranças
Não das humanas evolutivas e racionais
Mas da imaginação simples da poesia criança
Com humor delicioso e o riso estampado
Ouvindo o canto sonoro, suave e singelo

Que sai dos nossos corações em elos.

Dueto: Sueli Fajardo e Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado no texto de Sueli Fajardo –
http://silviamota.ning.com/profiles/blogs/fui-uma-lagartixa
Navegando Amor e Sueli Fajardo
Enviado por Navegando Amor em 30/07/2010
Reeditado em 07/11/2012
Código do texto: T2409120
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