"Fêmea"
(Marina Pellizzetti)
Neste corpo nu presente
Como asas de anjo latente
Me vi em botes feito serpente
Veneno de fêmea em dose ardente
Lambendo o sangue que jorra vertente;
de nossos enlaces doces e quentes
Queria apenas rebater as dores
Povoar adubos em matos de coloridas flores
Ver nascer amores
Cessar os olhos mesmo que em um só descanso
E abri-los em festas de jardim insano
Espalhar o engano de fel e mel
Tirando o real , o irreal e o plano
E brincar de respirar profundo
As coisas banais e foscas deste mundo
Simples, complexa, em rotas sem guia
Em viagens de toques em magia
Onde me via e vivia...
Nas rodas gigantes de minha fantasia
Resposta:
"Macho"
(Luiz Henrique)
Quando um corpo nu ostenta
A sensual figura de um anjo alado
O veneno da serpente é água benta
E o bote faz-se doce beijo ao amado
O rebater das mútuas dores:
Uma puída bandeira - difícil hastear
Transformar o sépia da dor em cores
É física quântica para um poeta decifrar
Mais fácil seja talvez
Cessar os olhos em descanso
Enxergar com o tato por uma vida ou um dia
Fazer-se da amada freguês
Aprender a conviver com o pranto
Supor que quase todo amor é ilusão e fantasia
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Foto: google. Autoria desconhecida.