“Nosso trato”

(Glória Salles)

Fixamos um trato, meu coração e eu...
Não nos lambuzarmos em “palavras de mel”
Que naufragam os sonhos, em pleno apogeu
Num mar de ilações, onde o doce vira fel

Não pulsar desesperado por um querer incerto
Nem nas grades do desejo deixar-se arrebatar
Conhecer seus limites, ir no âmago do afeto
Desse elixir suave nunca mais se embebedar

Não se deixar levar nas asas de todo vento
Pois nadar nas ondas da loucura é tormento
E por mais que lhe custe, ver da razão o viés

Não respirar emoções, cujo ar não lhe furta
Pois sentimento qualquer, é feito coberta curta
“Quando a cabeça aquece, congela-nos os pés...”

Resposta:


“Sentença condenatória”

(Luiz Henrique)

Pelo que entendi, um trato foi firmado
Entre partes capazes: você e o seu coração
Fez-se formal e solene o acordo celebrado
Mas tome cuidado com a cláusula de rescisão

Leia e releia detidamente do ajuste os seus termos
Tenho relativa experiência neste gênero contratual
O coração é a parte que caminha por lugares ermos
E você é a outra, que dele se faz dependente habitual

E numa relação de interdependência
Qualquer trato é eivado de suspeição
É o que diz a lei, doutrina e jurisprudência

Portanto jamais acredite na palavra do coração
Não se firme nessa promessa vã e ilusória
Para não ser alvo de sentença condenatória



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Foto google - Autoria desconhecida.