DUETO AO POR-DO-SOL
Chega a tarde suave, cálida e calma
No alpendre se desprende a chama
Encontro-me silente e introspectiva
Vislumbrando minhas perspectivas
São lampejos a iluminar minha alma
Que ao encontrar com a sua se acalma
Experimento aquela doce expectativa
De te ver assim, tão bela e tão cativa
Quando os meus olhos eu semi-serro
Que por dentro amor intenso encerra
Sinto seu toque doce e até seu cheiro
E fico assim meio bobo e tão maneiro
A sua imagem quer me envolver a sós
Contemplo silencioso o vôo do albatroz
Chego a escutar claramente a sua voz
Que escorre pelos tímpanos em martírio
Parece magia, mistério ou um delírio
Este encontro que me cala e assanha
No poente o sol beijando a montanha
Penetra em minha pele até às entranhas
Para meu olhar é poesia, alento e colírio
Aparece no ar belo beija-flor em um lírio
Com saudade, eu tomada pela nostalgia
E o dia, a tarde, a noite... Ficam vadias
Penso em tudo que vivi, senti e sinto
Não agüento, logo confesso e não minto
Eu tive certeza que era feliz e não sabia!
Pleno e repleto você me contagia e vicia...
Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes