CAMA DE GATO

Eu levanto-me de manhã com o pé direito

Não me ocupo ou preocupo se é o pé certo

E com certeza com o pé esquerdo também

Porque não nasci ou virei um perneta sem...

Dou um pulo da minha cama e me acho

Calçando os chinelos com cara de tacho

É um dia maravilhoso, lindo e perfeito

Ao escovar meus dentes estufo o peito

Lavo o rosto e dou uma mijadinha esperta

E porque só me lembrar do meu pé direito?

É uma bestagem bolada de qualquer jeito

Assim, até precisarei pular que nem o Saci

Sentindo um vazio no ar de perna castrada

Tendo de me equilibrar, sem cair aqui ou ali

Já imaginou viver como Pererê na estrada?

E se tenho dois pés, para quê preconceito?

Também tenho mais propensão a ser canhoto

Graças a Deus posso andar em meus dois pés

Ah! Aprecio de vez em quando cheirar rapé

A fiscalizar muito bem se não tenho chulé

Vou me estirar como faz sempre o meu gato

Com àquela manha costumeira e descansada

De gatas e de quatro patas, não pés, ao invés

Que topa de tudo e não teme nenhum revés

Essa ginástica lingüística deixou-me cansada

Nunca me acostumei a viver assim teleguiado

E vou precisar fazer agora de um alongamento

E curar-me das dores lombares do momento

Rematando este Dueto de forma engraçada

Espreguiçando-me lentamente, estou pronto

Para soltar o verbo irreverente para a moçada

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes