ESTRELA OU COMETA?
Em minha vida surgiu breve cometa
Não sei se na cauda de um foguete
Do mesmo modo que veio, partiria
Rápido, intrépido e fugaz voltaria
Com incrível pirotecnia de planeta
Bela sensação para qualquer luneta
Clareando meu sorriso e o meu dia
Espetáculo de rara beleza e magia
Deixou um rastro incandescente
Luz intensa de fulgor que inebria
Diante de olhares da maior emoção
Alumiou tudo num breve repente
Levou-me às alturas em excitação
Tamanha formosura de constelação
Momento mágico e deslumbrante
Foi dilúvio cálido sem comparação
Chama, claridade, luz ofuscante
Cenário que dignifica o universo
E não contive colocá-lo em verso
Mas aos poucos foi se afastando
Viajando cortou o céu faiscante
Deixando terra e mar distantes
Rasgando-me o peito e a mente
Por não conseguir segurar o instante
Senti uma punhalada e uma sutura
Querendo rever aquela formosura
Mas sou a estrela que ainda fulgura
Quiçá poderei reviver igual textura
Vou estar aqui por muitos anos luz
À espera doutro reencontro celeste
Codificada nos mistérios da astrologia
Pois minha lucidez ilumina e seduz
Escrevo essas linhas ébrias de poesia
Sou amiga fiel daquela esplêndida Lua
Que governa as plantações e marés
E dela não arredarei os meus pés
Trocamos confidências todas às noites
E você não foi o Sol, foi só um cometa
Que soou de repente como uma trombeta
Lanhou meu coração com seus açoites
E parece até que foi há uma eternidade
Mas que a mim não passou sinceridade
Pois careceu vestir-se de intensidade
Mas eu continuo tranquilamente estrela
Sem ter notícias tuas apenas a saudade
Ainda assim ausente de autenticidade
A refletir as emoções de uma telenovela
Que sei não condiz com a realidade...
Irei desaparecer um dia em uma explosão
Virarei só poeira cósmica na imensidão
Posso ainda virar linda estrela cadente
Que a olho nu contemplaras a imensidão
Mas jamais tirarei de alguém toda a ilusão
Pois meu fascínio e desígnio é a interação.
Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes