INDÍCIOS OU VÍCIOS?

-Chegou a tua mensagem

Naquele dia

E nem sequer fiquei a imaginar

-E me pegaste de surpresa

Depois de ter almoçado

Degustando uma sobremesa

-Mas se nem te conhecia

Como querias

Que ficasse a te esperar?

- Mas aí no teu íntimo

Sei que sabias

Que eu iria duetar...

Porque eu sou mengão, rsrs

-E te respondi instantaneamente

E vi tua resposta prontamente

Com muitos versos a me encantar

E automaticamente respondi

- E você pensava o quê?

Que eu iria afrouxar

Se meus versos esperam

Pelo teu versejar!

-Recebi a contra-resposta

Pensei até que nem queria ler

Porém eu li de modo sorridente

Interagindo contigo novamente

- Nosso diálogo é eterno

De bermuda ou de terno

Contigo me ponho a poetar

Faça chuva ou faça sol

-E enquanto leio calmamente

Eu invento sentir aquela emoção

Sorrio, recordando docemente

O que gravei junto ao coração

- E aqui me derreto de montão

Cada vez que eu te vejo

Fico logo de prontidão

Alisando os meus desejos

-Estou sempre te aguardando

Mas agora espero simplesmente

Para mim não é mais indiferente

Se quiseres me responder ou não

- Sabes que não resisto

E sequer insisto

A obedecer aos improvisos

Que saem do meu coração

-E eu já surpreendi o inconsciente

Visualizando o teu dedilhar

Ao tecado, absorto e enigmático

E adivinho que não é só impressão

-Temos mais de 150 duetos

E já nem te prometo

Cavo fundo nessa jazida

Sabendo que és por mim querida

Outrora o povo usava pena

Pena?

Que pena!?

Mas o que disse agora?

Se ora é tudo pragmático

- Olha vou te confessar

O que para mim é sintomático

Que não poemo com piloto automático

Sou das esferas intergalácticas

-Estamos na era digital

Pena, lápis, caneta, coisa e tal

Não se usa mais nada estático

Estamos na era tridimensional

- Comigo, quando trato contigo

O verso corre adoidado e solto

E nem preciso de cachaça

As palavras vêm e traçam

-Quem sabe eu esteja perdida

Saída da Era Medieval

Nas Cantigas de Amigo

Da serenata, do madrigal

-Tu és, é moderninha

Nessa arte a minha rainha

Entro e logo me alinho

Com amor e carinho

-E a Cantiga de Amor

Do amor platônico

Do amor anônimo

Da poesia à moda provençal?

- Desses amores provei todos

Tímido ou sem pudores

Fui no teu embalo

Bebendo no copo ou no gargalo

-Mas tua réplica não demora...

E se não te esperava

Por que te espero agora?

- Nem precisa esperar

É só colocar o queijo na ratoeira

Que eu solto as minhas besteiras

Sem nem me preocupar

-É um sentimento inusitado

Misto de alegria ou nostalgia

Mas nada indiferente

Nem passivo, indício de empatia

Não sei descrevê-lo realmente

- Isso na verdade...

TEM EXPLOSÃO! E sensação

Charme pra todo lado

Na ponta dos dedos e dos lábios

No maior EXCITAÇÃO!

-Pode ser até que nem esperasse

Que houvesse um sentimento tão real

Ou que nos encontremos algum dia

Mas seu versejar só traz alegria

-Ah estou coberto de desejos

Na espera dos abraços e beijos

E nem espero contrato

Venho aqui e escrevo no ato!

-É...

Eu ainda não sei exatamente

O que pensar de mim ou de ti

-Claro que você sabe

Mas não diz por puro charme

Ou talvez apenas disfarce...

-Saiba, se não quiser interagir

Com a mensagem que ora escrevi

Tudo descanse em paz

Tudo jaz

Tudo termina aqui...

Não, perdão!

Não quis dizer isso, não

Só queria atrair tua atenção

-Demorou e a hora é agora

A tristeza já se foi embora

Estampa o teu riso, no meu sorriso

Porque estamos apenas no começo

-E a um passo

De alcançar o paraíso!

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes