LÁGRIMAS À DERIVA...
Você não quis ouvir
Quando chamei
Fez ouvido mouco
De quem ouve pouco
E só fingiu sentir
Quando me viu chorar
Mostrou afeto distraído
E eu aqui a te implorar
Tomou a nau da vida
Sem se despedir
Partiu em disparada
Como louco pela estrada
E velejou além da curva
Por mares inóspitos...
Mundo desenfreado a fora
Enquanto meu ser implorava
Mas não vacilou em navegar
Nas águas turvas do seu mar
E eu fiquei no porto a chorar
Curtindo enorme desgosto
E tão triste pela desilusão
Era ébrio e pleno de paixão
Com as lágrimas a me sufocar
Calando no peito o coração
Que parecia querer te alcançar
Nesta fúria de tanto te amar
Eu só, em minha solidão
Senti a dor da desilusão
Quando a praia se enfeitou
Com as rimas daquela emoção
E a onda soltando a areia
Calmamente dela se afastou
Porém o sentimento ficou
Meio que à deriva e me sufocou
Ele também queria se esconder
Nas sombras do bem querer
Mas entre lágrimas pude notar
Algo inusitado acontecer
Por um breve momento
Gravado no tempo
Ainda pude ver...
Que naquele instante
Até o mar chorou!
Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes