O retrato e eu...

Da parede, parcialmente empoeirado

num abandono de triste aparato

pende sem prumo, só e amarelado

teu sorriso que ficou neste retrato.

E num canto encharcado de pranto

O meu corpo ainda tórrido da tua lembrança

Vestígios de um amor sem encanto

Sem vereda, sem rumo, sem esperança.

Deste lugar onde me prostro amargurado

por esta angústia que vara a madrugada

fico com o pensamento no passado

e os olhos na imagem pendurada.

E num repente, o que era um silêncio combalido

Fez-se um rumor, um retrato, no chão, estilhaçado

Meu arcabouço, no mesmo chão, amalgamado, tão sofrido

Cacos de uma vida, um coração despedaçado.

Sérgio Murilo & Rui Tavares

Sérgio Murilo
Enviado por Sérgio Murilo em 03/03/2010
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