INCITAÇÃO INOCENTE

No seu rosto, uma riqueza de detalhes,

num olhar puro, de compleição delicada.

Quem a vê, nesses tão belos entalhes,

admira a arte, que simples, é requintada...

No corpo, a mulher, feminina e faceira,

incitação inocente, aos ventos arfantes.

No desenho das curvas, a linha brejeira,

que lhe desnuda os traços insinuantes.

O firmamento, de azul, enfeita o infinito,

as paisagens esculpidas, o verde manto.

Cabelos ao vento, olhar lânguido e fito,

na obra, a arte de ser mulher, o encanto.

Foge-lhe a percepção, toda a sensatez,

como um reflexo de uma outra verdade.

Pela soma de tudo aquilo que nunca fez,

rubra-lhe a face, numa total insanidade...

Ali, sozinha, envolve-se com a natureza.

Lentamente, como busca de uma guarida,

desvenda-se no corpo nu, a sua beleza.

A mulher torna-se a arte, torna-se a vida...

Nos contrastes, como uma tela pintada,

entre o verde, o azul e, da face o carmim,

emoldura-se de forte paixão, encarnada,

a mulher nua, mulher bela, delírio sem fim...

A fêmea grita, rompe o silêncio, o alento;

do pleno gozo, toda a sua carne escuta.

Em êxtase, cabelos agitados pelo vento,

apenas no ar, o que sua libido perscruta...

Celêdian Assis & Oswaldo Genofre

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 28/02/2010
Código do texto: T2112811
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