INCITAÇÃO INOCENTE
No seu rosto, uma riqueza de detalhes,
num olhar puro, de compleição delicada.
Quem a vê, nesses tão belos entalhes,
admira a arte, que simples, é requintada...
No corpo, a mulher, feminina e faceira,
incitação inocente, aos ventos arfantes.
No desenho das curvas, a linha brejeira,
que lhe desnuda os traços insinuantes.
O firmamento, de azul, enfeita o infinito,
as paisagens esculpidas, o verde manto.
Cabelos ao vento, olhar lânguido e fito,
na obra, a arte de ser mulher, o encanto.
Foge-lhe a percepção, toda a sensatez,
como um reflexo de uma outra verdade.
Pela soma de tudo aquilo que nunca fez,
rubra-lhe a face, numa total insanidade...
Ali, sozinha, envolve-se com a natureza.
Lentamente, como busca de uma guarida,
desvenda-se no corpo nu, a sua beleza.
A mulher torna-se a arte, torna-se a vida...
Nos contrastes, como uma tela pintada,
entre o verde, o azul e, da face o carmim,
emoldura-se de forte paixão, encarnada,
a mulher nua, mulher bela, delírio sem fim...
A fêmea grita, rompe o silêncio, o alento;
do pleno gozo, toda a sua carne escuta.
Em êxtase, cabelos agitados pelo vento,
apenas no ar, o que sua libido perscruta...
Celêdian Assis & Oswaldo Genofre