ORGASMO LITERÁRIO

Dueto

Orgasmo literário.

Julia e Dante

Julia

Minha mente está demente

Estagnada e não diz nada

Paralisada, assustada

Não tem um amor

Nem uma flor

Dante

No silencio da demência

Cala-se a mente,

Observe os movimentos,

Gerar o ventre do poeta,

Palavras de uma poesia.

Melancólica, erótica,

Romântica, mas é poesia,

Que na mente, demente gerou

Julia

Poesia fria cheia de agonia

De amores desgastados

Sofridos e ameaçados

Dante

Palavras caladas que nascem

Protestam, reclamam vida

Julia

Sem estrelas, sem noite

Sem luar na noite fria,

Espera a brisa quente do sol,

Para iluminar a noite fria,

Um eclipse

Com angustias nas coxias

Da vida vivida

Dante

E então era um espaço vazio

Um espaço vazio

Para ser preenchido

Preencha poeta vivo,

Este espaço com palavras

Mesmo que iluda, mesmo que sofra depois

Mais a carência não agüenta esperar

O que pode ser real. E o que é real?

Julia

O real é o que não existe.

Dante

É quando a lógica de um coração carente,

É apenas a razão de amar, de sentir.

Ter no corpo o calor da mulher desejada,

Do homem viril e voraz,

Animal selvagem, que sacia ambos,

A fome de amor, a fome do riso,

E dá a certeza, mesmo utópica,

A certeza da companhia,

Que liberta a mente,

Da demente.

Julia

E a mente da demente

se torna lúcida

antes carente

se enche de amor.