CONFESSO QUE VIVI... (Dueto com Silvia Mendonça) ALÉM DA DUALIDADE...
A plenitude de minha alma
Mostra uma paz guerreira
A cobrar um testemunho
Que historie os passos dados
Os passos de uma criança
Nossa parte mais sincera
Escondida em algum lugar
Toque que nos revigora
Rebobinando o que registro...
Nas lembranças do passado
E que o faça em versos
Então sem mais ou menos
No rebobinar da memória
Parece-me perder tempo
Modo perfeito de esquecer
Inquietude que renova
Assim o coração silente confessa
Lento... Inerte ou apressado
Sem esconder percalços
Mas... Porém... Todavia
Eloquente e elegante
Grita o coração potente
Bate duas... falha uma
Sem talvez... tocante
Sinto minhas pernas travadas
E o corpo duro e alquebrado
Num profundo cansaço
Com a mente no espaço
Mãos cansadas... emotivas
Repousam substanciais
Abrem passagem na escuridão
Na noite obscura da mente
Na pele seca a poeira impregnada
Nas feridas que ganhei pela estrada
Ah! Quanto caminhei nessa jornada
Passei e escalei montanhas íngremes
Fração de vidas acumuladas
Nas vertentes veias saltadas
Leio minha primeira história
Universo vazio... um nada
Deitei na relva e descansei
Nadei em lagos e rios profundos
Velejei em mares violentos
E bebi da lama e filtrei a água
Confidenciando eternidade
Banho-me no limiar da aurora
Examinando o corpo sentido
Descendo sem direção o rio
Adormeci em gélidos desertos
Aconcheguei-me em colos macios
E levei nas costas a cruz do calvário
Ressuscitei um milhão de vezes
Nesta jornada entre cruzes
Livrou-me Aquele do calvário
Do pesadelo no ventre da besta
Libertando minha alma aprisionada
Da solidão e humilhação impostas
Mas nunca perdi a esperança
Ou joguei no outro a culpa
Absorvi e perdoei meus pecados
Na trilha das reencarnações
De onde vem todas as histórias
Reconsiderei a porta do perdão
Coragem e lucidez obstinadas
E amei... Amei sem medidas
Não tivesse no coração o amor
Não teria vencido as tempestades
Muito menos compartilharia o sorriso
Face a face com o amor
Despertei o sagrado em mim
Luz, esperança e redenção
Livrando do medo o coração
Por tudo isto as palavras estão soltas
E as solto no vôo das letras inquietas
Mas ainda não sei os meus limites
Só sei que vivi com paixão e intensidade
Liberando as tensões em vôo
Entro em contato com o divino
Nos limites dos versos acumulados
Com a palavra estabeleço a prática
Com a humildade de ser um aprendiz
Que gosta de somar e multiplicar amizades
Dividindo contigo o que apreendi da vida
Sem temer a morte que se aproxima
Transformando o sofrimento em dádiva
Apoio a soma dos dias em minhas alegrias
Na angelical música que agora ouço
Pois não temo a morte que me espreita
Com seus tentáculos...
Compassiva...
Dueto: Hildebrando Menezes e Silvia Mendonça
fevereiro/2010
Nota: Inspirado no texto comovente de Silvia Mendonça: “Minha Cruz” , publicado no Mural dos Escritores
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/minha-cruz
http://muraldosescritores.ning.com/group/duetos
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/confesso-que-vivi-dueto-com