SEM VOCÊ...

Se à tua presença não mais me arrepio

Não sinto pena, muito menos raiva...

Apenas um desprezo mesclado de nojo

Foste uma tormenta que ora é passada

Foi uma enxurrada, um deslize, um rio

Levado pela correnteza ao mar do pecado

E eu recentemente pareço anestesiado

Na crueldade com que consomes tuas horas

Foi muito bom olhar direto em tua face

Sem nem precisar sucumbir ao teu olhar

Ver lá no fundo todas as tuas maldades

Sem emoção, sem carecer de um disfarce

E sem o desejo de fazer o tempo recuar

Enfrento as lembranças das tuas sandices

E eu me curei não mais do que de repente

E agora me encontro mais forte e sorridente

Ao constatar que verguei, mas não quebrei

Cambaleio nos versos onde desnudo a alma

Oro aos céus e ao bom Deus que se apiede da tua

Que vaga nas sombras edificando o próprio inferno

Um nó no estômago ao relembrar dos estragos

Que fazes a ti própria pelo caráter tão perverso

Os horrores com que habitam em teu coração

Pleno da devassidão e de loucura sem perdão

Sinto que se debate mais que siri na lata

Ao trocar a virtude pela lassidão concupiscente

Sem freios nas investidas do prazer da carne

Nos espasmos na inquietude dos movimentos

Não se apieda de manipular pessoas inocentes

Só um forte medicamento abreviará teu sofrimento

Cá no meu canto não segurei esse lamento

Para ver se tomas juízo e me devolves o encantamento.

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes