POEMA: O RASTRO DA VIOLÊNCIA - Vicente Reinaldo
Mais um poema eu escrevo
Que por infelicidade
Fala de seqüestro e morte,
Banditismo e crueldade
Que a violência nas cales (Cale - nome antigo de rua)
Tem sido o pior dos males,
Dos males da humanidade.
Fagner Macedo da Rocha,
Jovem de muitos valores
Querido por seus irmãos,
Seus pais e seus professores,
Com tantos planos perfeitos
Teve os seus sonhos desfeitos
Nas mãos de seqüestradores.
Além de estudioso
O referido rapaz,
Na empresa da família,
Auxiliando os seus pais,
Com muito amor trabalhava
Sem imaginar que estava
Na mira dos marginais. .
Em Dezessete do doze
Do ano dois mil e três,
Fagner foi pego num laço
Que um grupo malvado fez,
Depois, de ser seqüestrado,
Foi sem dó assassinado
Na mais cruel malvadez. .
Depois ligaram dizendo
Para seus queridos pais,
Que o regate era cento
E sessenta mil reais
Enquanto isso, a polícia,
Chegava com a notícia
Que achara morto, um rapaz.
O pai ao I. M. L.
Foi de alma compungida
Pensando ainda que fosse
Pessoa desconhecida,
Do olhar perdeu o brilho
Ao ver que era seu filho
Que ali estava sem vida.
A tristeza tomou conta
De onde a família morava,
A mãe guarda com carinho,
As roupas que o filho usava
E o pai de noite e de dia
Deixa armada a bateria
Em que seu filho tocava.
O pai Francisco Cabral
Muito desgosto sofreu,
A mãe Maria das Graças,
Toda alegria perdeu
Os dois, sem paliativos,
Vivem como mortos vivos
Depois que o filho morreu.
Depois que a verdade chega
Toda mentira se some...
Do mentor dessa tragédia
Não se menciona o nome,
Mas era gente que os pais
Do falecido rapaz,
Viviam matando a fome. - Fim