O PERIGO
O PERIGO
Tomado de inocência e delírio,
Atravesso a noite sem saber dela o perigo.
Como um barco sozinho que desconhece o risco das pedras
E de repente se vê esgarçado,
Seus pedaços misturando-se às espumas
das ondas que chegam à praia.
O perigo é a fronteira entre o êxito e o fracasso.
O que sei do perigo ao morder ávido o fruto?
Posso conhecer dele o agridoce sumo
Ou saber da podridão que lhe devora a polpa.
Mas há sempre uma doçura no perigo.
É como um favo de mel que atrai as abelhas
E as fazem labutar na inocência perigosa das flores.
O perigo do perfume é o de embriagar-se sem mesmo ter bebido.
O perigo do veneno é o de morrer com medo de ter vivido.
Tomado de inocência e delírio atravesso a noite
Louco que me mordam os lábios, o perigo do beijo.
RODRIGO RIBEIRO (Belo Horizonte, 04/02/10)
Mário Comenta: Fiz este texto interagindo a um desafio do meu amigo poeta Rodrigo Ribeiro de Belo Horizonte...
O PERIGO (resposta)
Meu amigo inocente
Não delires e nem veja
Perigo em tudo – na noite...
Um barco sempre conhece
O risco das pedras!
Se por acaso te partires
Que seja em mil pedaços
Terás um efeito multiplicado
Seja teu o êxito ou o fracasso...
Não tenhas medo
Ávido mate tua fome
Coma qualquer dos frutos
Antes que a podridão o devore...
Há excitação no perigo
Eu não serei uma abelha curiosa
Atirando-se em qualquer doce
Labutarei em todas as flores
Para criar o meu próprio mel...
Teu perfume me embriaga
Teu veneno me atrai
Mas eu não morrerei por medo
E em teus lábios selarei
O meu compromisso com a vida...
Mário Feijó
Florianópolis - SC