ÉS MEU DONO! E EU SOU TEU DEVOTO...

(Dueto com o poema de Silvia Mendonça: ‘És meu dono!’)

Silvia: Por que te agitas em

desesperados questionamentos?

Hilde: É a busca da completude e a materialização

do que reclama meu coração.

Silvia: Não sou sonho, mas criação tua.

Foste tu que ergueste o pedestal

em que me encontro,

monumento exposto.

Hilde: Fiquei cativo pelo poder da tua sedução

que foi tomando os meus pensamentos a ponto de me deixar,

por inteiro, ao comando da emoção.

Silvia: Foram teus poemas que vestiram

meu corpo de pérolas;

deram-me alma de amante,

aura de mistério, destino de mulher

... boca rubra, coração apaixonado.

Hilde: Meus escritos têm como fonte de inspiração o que de ti mesmo emana em profusão

e que não resisto a vir declinar em exposição, tanta e tamanha é a força que nasce dessa paixão.

Silvia: Não há outro a quem dedico amor

nem com quem me deito

em noites de lua ou bruma.

Hilde: Esses são os momentos que transcendem a imaginação, muito além dos meus sonhos e aspirações, porque oriundos de um estado sublime de comunhão.

Silvia: Não há outro!

Se assim é,

não sou mais de mim,

mas de ti.

Hilde: O que me dizes acaricia a minha alma, deixando-a em estado de contemplação. No céu vejo o bailado dos pássaros voando em minha direção e assoprando em meus ouvidos as mais lindas melodias, enquanto os raios do arco íris colorem o horizonte desenhando um cenário arrebatador.

Silvia: Não te cales, pois,

nem abdiques de reivindicar

teus direitos sobre a obra que criastes.

Hilde: Aqui estou obediente a postar teu grito poético dando o meu em resposta no impulso que tuas palavras provocaram e pedem imediata ação, com a magia e a delicadeza com que vestiu estas tuas declarações de fé no amor.

Silvia: Esqueça as proibições,

as inexistentes perdas:

almeje o que de imenso há em mim,

pois é teu.

Hilde: Agora, como nunca, percebo a régua e o compasso a quebrar as e passos que enclausuram e me libertam rumo à realização.

Silvia: Espante das tuas noites o tédio patético,

deixe que o desejo crie asas em minha direção,

pois, assim como tu, reviro-me na cama vazia,

apertando contra os lençóis as pernas,

em múltiplos orgasmos solitários.

Hilde: E me ofereço como em um altar litúrgico, a cobrir entre os vazios desse espaço, para compartilhar contigo esses momentos mágicos da sinfonia do sexo, por onde a revelação dos nossos atos, desata no gozo eterno dos amantes... Entregues às delícias das caricias do apoteótico prazer orgástico.

Silvia: Tolo! Não percebes que,

por detrás das cortinas esvoaçantes dos sonhos,

da tua ereção ajeitada em insones gestos,

sou a tal presença que procuras?

Hilde: Sim! Estou convencido das minhas tolices que adiaram e se perderam no breu escuro, na bruma de meus equívocos, mas agora me penitencio dos erros, indo com a força lânguida da minha volúpia ao endereço certo.

Silvia: Venha, tome posse do que és dono por direito.

Espero-te com a água do banho tépida,

velas a iluminar o quarto,

aromas de rosas vermelhas,

que cederam as pétalas para enfeitar o leito.

Hilde: Visão poética magnífica que me arrepia das entranhas, aos mais tímidos pêlos e me põe direto no teu colo, carente e macio, onde a ternura fez morada e de cujos favos de mel saciaram meus lábios sedentos no banquete do nosso amor.

Silvia: Dispa os andrajos de mendigo:

tu és príncipe,

deus, Hércules marmóreo,

que deita sobre mim a lascívia

imprópria a outros olhos

– não aos meus

Hilde: Almejo apenas ser o teu homem que te aquece no leito frio e te aquieta nas madrugadas insones e vazias por onde as tuas lágrimas escorrem banhando uma solidão que se despede, com o calor dos meus braços e a proteção dos intermináveis mimos e afagos.

Silvia: Vem, meu real proprietário,

com ou sem ciúmes,

desastres ou impropérios.

Hilde: Vou inteiro entregue ao teu fascínio, sem reservas, sem sentimento de posse, senão àquele que divide os espaços, além do tempo e que alçam os vôos serenos e lépidos ao infinito tão bonito de nós dois.

Silvia: No momento de gritar pelo gozo profundo

– e eterno –

libere palavras profanas,

puxe-me pelos cabelos,

morda-me a boca.

Que não é mais só minha.

Quando muito, nossa!

Hilde: Meu imaginário marca de vermelho à brancura de tuas nádegas torneadas, como se fora o batucar de um tambor indígena, onde alguns de meus tapas traduzem a virilidade e o frenesi que nos incendeia, nas labaredas da excitação e da explosão do fogo ardente dessa santa e profana celebração.

Dueto: Silvia Mendonça e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 31/01/2010
Código do texto: T2061424