ENIGMA CARCEREIRO


Nem mesmo a chuva sabe/ O indevassável porquê
O que imagina a flor/ Misturada aos cardos
Imagens, mudas cenas/ Mundanos vícios
Vivem a eternidade/ Proclamando a unidade
Qual sonho a céu aberto/ Absoluto êxtase
De um canário que canta/ Como o beijo ao lábio
Na janela a dizer/ Do outro o segredo
Que os versos são as folhas/ Entre sombras cor de prata
Iguais são as distâncias/ Incomensuráveis, descontínuas
Desse prisma que olha/ O quadro-negro da desesperança
O azul do dia é estampa/ Sinuosa, extravagante
Belo tesouro esconde/ Exuberante paisagem
No sem querer que encerra/ Volúpia de desejos
A natureza fácil/ Fascinante véu
E o poeta é uma árvore/ Entre a raiz e o fruto
Floresta de palavras/ Do céu escorregadas
Monstro leão alado/ Em famigerados rugidos
Borboleta felina/ Ares da sedução singrando
Vendo em olhos de esfinge/ Arroubos tremulantes

Miguel/ Marilândia Marques
Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 04/11/2009
Código do texto: T1904391
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