Sussurro
O meu sussurro grita o meu sossego;
O meu sossego que vaga por outras dimensões;
Dimensões que cresce como um morcego,
Um morcego sugando todas as contradições.
Contradições pulsantes no vazio do peito;
Peito preso em um silêncio infernal;
Silêncio infernal vomitando o barulho perfeito;
Perfeito sossego onde reside todo o mal.
O mal que habita nas sombras do abismo;
Abismo irreal do silêncio e do medo;
Medo obscuro no coração do mecanismo;
Mecanismo instintivo, extaticamente quedo.
Quedo, na procura insatisfatória da insanidade;
Insanidade sangrenta que alimenta a maldição;
Maldição suicida, homicida da verdade;
Verdade cruel cortando as asas da ilusão.
Ilusão protetora do silêncio humano;
Humano, frágil, no caos da solidão;
Solidão, rebento do calo e do pus do engano;
Engano e grades na atormentadora prisão.
(Parceria com Junior Motta. Escrito em meados de 2005, esse poema foi criado através de um desafio. Cada um iria escrever um verso começando pela última palavra do verso anterior. Sem contar que estavamos meio ébrios quando escrevemos)