SEM TRÉGUA

Lá fora a chuva cai sem cessar

O céu tornou-se viril e turbulento

Abriu-se em comportas e lamentos

São as lágrimas de saudade de ti

Que me fazem lembrar o teu olhar

Das vezes em que me fez suspirar

Gostaria de te amar neste momento

Sentir o calor do teu corpo a me tocar

Sinto os pingos de chuva de agora

Suave respingo de quem implora

Reencontrar-te seria a minha paz

Reviveria meus tempos de rapaz

Parecem teus passos vindos até mim

Reflito se me queres mesmo assim

Mas talvez só estejas indo embora

Ou quem sabe perdeste a tua hora

Será minha memória me traindo?

Não imagino você de mim partindo

Entre os pingos, vejo brilhar o sol

Aquecido, agarro incontido o lençol

Parece, então que te vejo vindo

Em meus braços cativa e sorrindo

É tudo tão absurdo e tão difuso

Que estou entrando em parafuso

É um vulto impreciso e confuso

Que a mim se achega e eu sinto

Envolto em névoa e voluptuosidade

É uma força irresistível, não minto

E vejo chegando toda a claridade

Em uma sensual e doce intensidade

Colorindo um arco-íris tão bonito

Vejo o céu se abrindo no infinito

E eu acredito em minha verdade

Cônscio da mais pura sinceridade

Cinges-me e sou tua como a lua

Despida e feliz desfilo pela rua

Ao me abraçares, a chuva vai passar

E o calor do amor irá nos consumir

Minha alma antes parecia desnuda

Embriagada de carícias e possuída

Agora estou por demais iluminada

Propícia aos carinhos apaixonados

Estando sob o teu abrigo e contigo

Tremulo do pescoço... Pele e umbigo

Hei de voltar a amar e a ser amada

Nasci para ser feliz e bem realizada

Só quero que os boatos sejam fatos!

Ato e desato, constato sem pudor...

Que ainda viveremos um grande amor

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes