Refúgio by Mário Osny Rosa
O homem estava dormindo
O sol estava a queimar.
Sobre ele reluzindo
Quem ia o acordar.
Depois de muito tempo
O sol estava a pino.
Ele rola de um lado
Está quase acordado.
O sono era mais forte
Até parecia a morte.
O rosto a lhe queimar
Quem ia lhe avisar.
Ele logo levantou
Quando a fome bateu.
O seu bolso examinou
O dinheiro encontrou.
Naquele momento
Que nada lhe faltou.
Em dormir ao relento
Ninguém lhe roubou.
Assim é que vivem
Os moradores de rua.
De onde eles vêem
Estão vivendo a sua.
São José/SC, 30 de janeiro de 2.006.
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Refúgio! by Edvaldo Rosa
Jogado na calçada,
ultrapassado por pernas celeres,
jaz um corpo estendido,
cujos sentidos se fazem ausentes!
Mal-trapilho e em frangalhos,
braços e pernas estendidos,
membros inertes dum corpo adormecido!
O passar do tempo,
não tem nenhum sentido,
neste refúgio de abandono,
se tem sentimentos, só mostra o sono,
o sono dos esquecidos!
É tarde,
o sol escaldante,
talvez já não escalde nada,
dada tanta a graxa,
naquela face, sem feições, enegrecida!
O tempo, a dança das horas,
não liga pro ser ali estendido,
que talvez nem tenha forças,
para abrir a própria boca,
e os olhos espelhos d'alma, indicio de vida!
Vida? Que vida é essa?
Que transforma homens nisso...
Num borão,
numa poça,
num arremedo de vida,
numa piada sem graça,
que aprisiona almas nestes refúgios,
que transforma homens em bichos,
sem eira nem beira, sem nada...
Que mais parece lixo!
Edvaldo Rosa
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