VAZIOS EM MIM


Desfilam ante os meus olhos
na insônia profunda e calada
teus sabores, teus olhares
lânguidos e apaixonados
perdidos em mim.

E em sussurros de emoção
a suavidade de teus lábios,
em beijos quentes e molhados
sedentos de desejo e paixão.

O frio da noite vem exibir
em descoloridas nuanças
a tua alma exposta,
sobre a minha debruçada.

Açoitando o meu corpo
estas tuas lembranças
encobrindo meu coração,
em penumbras caladas.

Os amarrotados lençóis,
outrora encharcados pelo nosso suor
reviro hoje em pranto,
procurando restos do nosso amor.

Encontro apenas rastros,
fragmentos teus deixados.

Dentro da minha alma,
o vazio do precipício,
o vácuo profundo,
a solidão,
o nada.



Milamarian
24.05.2006

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Vazios em mim

O nada,
a solidão,
o vácuo profundo,
o vazio de precipicios,
dentro de minh'alma!
Fragmentos...
Rastros...
Restos de amor,
em meus lençois amarfalhados,
encharcados por um amar indeciso,
em noites passadas em silêncios...
Ausências em meu peito,
lembranças,
-açoite sobre meu corpo fragelado,
em si recolhido!
Fantasmas, a rondar o meu leito,
no frio de noites solitárias...
Foi assim minha alma exposta,
sobre a qual debruças-te...
Tu viste os vazios em mim...
Minhas dores... Meus ferimentos ensangues!
Os restos de mim,
retalhos que costurastes,
pacientemente, um a um...
Tú me abrigaste em teu abraço,
no calor de teu corpo,
verão sobre o inverno em mim!
Tú me falavas de amor,
e em cada palavra,
primavera em meu outonal ouvir...
E teus olhos,
brilho de estrelas onde havia apenas
um escuro céu!
E assim estamos aqui,
abraçados, ofegantes,
inebriados...
Os vazios em mim, preenchidos,
por seu amor e cuidados!
O nada é não ter-te,
a solidão inexiste,
vácuos profundos?
-Espaço estrelado,
dentro de minh'alma,
que mira o futuro, apoiada no passado,
fincado os pés de forma firme,
neste presente que é amar-te!


Edvaldo Rosa
24/05/2006