A fuga - Ana e Antônio Cabral
Vem poeta encontrar comigo
Através de frases nos despimos sem medo
Sou bagaço de vida, sou do mar, marinheiro
Não quero o perfeito, o belo, o gênio
Quero um homem que viveu inteiro
Conta-me mais histórias, mais aventuras
Quero entrar na trama, ser mais uma
Mostra-me tua carência, tua ausência de amor
Da tua estrada quero todos os passos errantes
Quero saborear tudo o que de ti foi distante
Conta-me em versos teus amores perdidos
Quero ver sangrando teu coração partido
Curar feridas já não carece mais
Encontremos no inferno a nossa paz
Caminhe comigo no deserto da solidão
Dando as mãos calejadas e sujas de tinta
A fantasia nos espera para comemorar a guerra
Faremos o par dos livros que ninguém escreveu
Diga ao mundo que finalmente encontrou
A parceira incerta das horas erradas
Aquela que está sempre a buscar
Aquela que enterrou seus desejos
Por covardia ou por medo insiste em viver.
O Parceiro
Onde, nos descaminhos, há sombras soluçantes,
O poema clareia uma estrada louca:
Versos e palavras, velozes e cantantes,
Beijam no escuro da Fantasia as nossas bocas
E nos tateiam de desejos pulsantes.
O poeta não caminha sem saída
Por esta rua de impossibilidades,
Porque o poema já muito é vida
De esperar que se tornem verdades
Os sonhos de longa noite indormida.
E assim, que os pés sangrem na caminhada,
Vou contigo pelo deserto da solidão,
Só de hoje, na partida, pois, desenterrada,
A fúria do teu desejo, a grande multidão
De ti, me será companheira de jornada.
Antonio Maria Santiago Cabral
PS: Esse nobre e grande poeta deu-me a honra de sua parceria, sua gentileza e generosidade é gritante para com, os que como eu, engatinham nessa arte de escrever. A ida em seu cantinho aqui no Recanto é um verdadeiro apredizado. A magia de suas trovas, de seus textos nos remete ao que chamo de estado de graça da poesia. Obrigado amigo por esse prazer imenso que você me proporcionou. Valeu!!!!!!!!!!!!!!