EPÍLOGO

Ah!

Sair de mim

Entrar enfim

Começo e fim

Seguir viagem

Sem bagagem

Apenas coragem

Sem ponto final

Ou sem saber qual

Poder dormir

No banco do jardim

Com perfume de jasmim

Tendo você para mim

Poder comprar

Passagem só de ida

Sem despedida

Ao seu lado, querida

Zombar da vida

Curar todas feridas

E dar mil lambidas

Nas cicatrizes

E ser amoral

Ser sensacional

O tal do etc. e tal

Andar descalço

Sem percalços

Nem lenço

Cabelo ao vento

Sem documento

Sem ler jornal

Mais real que virtual

Isso sim é genial

Ver gente nova

Que goste de prosa

Ter nova mente

Sem ser demente

Bem diferente

Somente amante

Não ser carente

Nem delinquente

Vivendo contente

Sem endereço

Mas com apreço

Sem domicílio

Ou empecilhos

Nem utensílios

Não sufocar a fé

Nem viver dando ré

E até que vai dar pé

Amar com amor

Desmedido

Sem ser fingido

Sem sentir dor

E mesmo assim

Fazer sentido

Aos teus pedidos

Ser despojado

Bastante ousado

Ser desprovido

Sem ser abusado

Ser indulgente

Gostar de gente

Ser imprudente

Mas não inconsequente

E de repente

Como quem sente

Ser incoerente

Virar duende

Mago vidente

Evaporar fascinante

Virar nuvem

Talvez plumagem

No meio da ferrugem

Talvez desaparecer

No ar invisível

Tudo é possível...

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes