PASSARÁ

Noite; as sombras têm gestos de angústia,
Doloroso silêncio - amargo instante,
Que me envolve - tarda a luz do dia,
E faz surgir lágrimas no meu semblante.

Noite; na úmida e extensa via,
A brisa acompanha meus passos errantes
Se pudesse falar, de certo, me diria:
"Tudo passa! Passará a dor cortante.


Que torna mara, então, à fruta ao lábio,
Envenenando a alma de repente;
Passando, o estupor, há de ser sábio..."

E vai se dissipando, então, da mente,
Todo tormento. Sinto-me mais hábil
E motivado a prosseguir em frente...


DELEY
GONÇALVES REIS