Agonia sem Amor
Meus pensamentos exauridos e tristes
Submersos na inconstância... Acintes...
Tentam em vão, racionalizar este sentimento
Enrodilhado em funesto pensamento...
Tão desprovido de suas antigas belezas.
Tão dorido e povoado de incertezas...
Esta alcova sem ti e sem nossas fantasias,
Claustro de dissabores sem antigas euforias
Quatro paredes frias! Tornou-se o meu cárcere!
Sem alforria, feneço em amargura célere...
Dias sem sol, brumosas e eternas noites.
Sombras sem luz, lúgubres sem afoites...
Meus gritos!... Açoites que ecoam surdos
(reminiscências de teus absurdos)
E mudos, somente em meus ouvidos reverberam
Caustica e silente... Desesperos me toleram...
Tuas ausências... Teus insultos!
Ultrajes maldosos sem indultos...
Minh ’ alma inteira coberta de chagas
Repleta de sensações amargas...
Vagueia atônita... Sem viço, sem destino
Compelida a trágico desatino...
Pressinto o meu porvir tão malfadado.
Futuro encarcerado sem o ser amado!
Sou um morto, e vivo desta agonia
Olvidei o que chamava alegria...
Entregue a minha mórbida sorte.
Fiz meu epitáfio à morte...
Arroguei-me sem piedade... Esta sina.
Imputei-me nesta existência clandestina
Juliana Castelar
Denise Severgnini