Selo (com Bruna Leandro)

Sou selo, só simples, singelo selo

Sem som, sem sol, sem santo, sem sim

Sombrio selo

Somente sela, está em tudo

E não tem nem fica em nada

O que está nada em si

Nada se, nada sem mim

De diamantes na lapela,

Repousada na janela

Me espreita e espera

Tão complicada, tão singela

Não sabe se é preta ou branca

Roxa, amarela ou se tem cor

Não sabe se vive, e ama

Ou se corre o tempo sem amor

Sou só, sol sem céu

Desgraça sem dó, sem dor, ao léo

Nó sem nada

Trancada e arrancada

Perigosa, doente

Nociva, ronhosa e dolente

Sem mente, sem ser

Sem esperanças, na janela

Sem mais flores na lapela

Me espia, se fecha

Me olha e me deixa

Não sabe se é dia ou se é noite

Se quer carinho, beijo ou açoite

Me deixa à deriva, mas não aproveita

Se queixa , pragueja e ao meu lado enfim se deita

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 23/12/2008
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