Selo (com Bruna Leandro)
Sou selo, só simples, singelo selo
Sem som, sem sol, sem santo, sem sim
Sombrio selo
Somente sela, está em tudo
E não tem nem fica em nada
O que está nada em si
Nada se, nada sem mim
De diamantes na lapela,
Repousada na janela
Me espreita e espera
Tão complicada, tão singela
Não sabe se é preta ou branca
Roxa, amarela ou se tem cor
Não sabe se vive, e ama
Ou se corre o tempo sem amor
Sou só, sol sem céu
Desgraça sem dó, sem dor, ao léo
Nó sem nada
Trancada e arrancada
Perigosa, doente
Nociva, ronhosa e dolente
Sem mente, sem ser
Sem esperanças, na janela
Sem mais flores na lapela
Me espia, se fecha
Me olha e me deixa
Não sabe se é dia ou se é noite
Se quer carinho, beijo ou açoite
Me deixa à deriva, mas não aproveita
Se queixa , pragueja e ao meu lado enfim se deita