EXPLOSÃO A DOIS - RR & Elisha Dewes
Eu:
O teu calígrafo hálito tem procurado minha nuca com astúcia;
E seu escrito me aguça porque desfila sobre mim o seu propor libidinoso;
Convite honroso e nada criminoso à minha delirante súcia;
Que me induz a decifrar tua minúcia, e me reduz a escravizado ator fogoso!
Ela:
Essa alma florida que voa sem controle qual nuvem de fumaça,
Essa, que com o vento esvoaça, espalhando ao redor ternura,
É só uma faceta, quiçá a mais pura, que por prazer e por graça
Desperta anseios, imaginações abraça, é alma sempre à procura...
Eu:
Rogo que me toquem teus cabelos de arruda, porém do afogamento não me acuda;
Pois tua asfixia me ajuda e só respiro se teu cheiro me ingerir sem piedade;
Faz de mim inimigo de tua castidade, chame à cama minha chama que te saúda;
Posto que meu fantasiar há muito te desnuda e te alude por perfeita idoneidade!
Ela:
Poeta, que do olhar a flecha, audaciosa e sensual os ares corta,
Num convite que comporta enluaradas, quentes promessas,
Deixa-me, assim, às avessas, e à imaginação abre a porta
E em ebulição, a comporta, entorna em famintas seduções e pressa!
Eu:
A nossa fome é incestuosa irmandade que não adere a serenos limites;
Ela sugere que aceitemos seus convites e nos percamos por delícias em vazão;
Escuta a voz de meu coração e seu pecado perdoável não evites;
Amemos a volúpia desses diques e sejamos estilhaços de uma mesma explosão!
"Ladear meus versos a tudo que me diz a diva das volúpias, por certo é daqueles privilégios que a alma há de se recusar a esquecer. Grato te sou, linda e extremamente talentosa Elisha"