EXPLOSÃO A DOIS - RR & Elisha Dewes

Eu:

O teu calígrafo hálito tem procurado minha nuca com astúcia;

E seu escrito me aguça porque desfila sobre mim o seu propor libidinoso;

Convite honroso e nada criminoso à minha delirante súcia;

Que me induz a decifrar tua minúcia, e me reduz a escravizado ator fogoso!

Ela:

Essa alma florida que voa sem controle qual nuvem de fumaça,

Essa, que com o vento esvoaça, espalhando ao redor ternura,

É só uma faceta, quiçá a mais pura, que por prazer e por graça

Desperta anseios, imaginações abraça, é alma sempre à procura...

Eu:

Rogo que me toquem teus cabelos de arruda, porém do afogamento não me acuda;

Pois tua asfixia me ajuda e só respiro se teu cheiro me ingerir sem piedade;

Faz de mim inimigo de tua castidade, chame à cama minha chama que te saúda;

Posto que meu fantasiar há muito te desnuda e te alude por perfeita idoneidade!

Ela:

Poeta, que do olhar a flecha, audaciosa e sensual os ares corta,

Num convite que comporta enluaradas, quentes promessas,

Deixa-me, assim, às avessas, e à imaginação abre a porta

E em ebulição, a comporta, entorna em famintas seduções e pressa!

Eu:

A nossa fome é incestuosa irmandade que não adere a serenos limites;

Ela sugere que aceitemos seus convites e nos percamos por delícias em vazão;

Escuta a voz de meu coração e seu pecado perdoável não evites;

Amemos a volúpia desses diques e sejamos estilhaços de uma mesma explosão!

"Ladear meus versos a tudo que me diz a diva das volúpias, por certo é daqueles privilégios que a alma há de se recusar a esquecer. Grato te sou, linda e extremamente talentosa Elisha"

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/12/2008
Código do texto: T1348592
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