Tentei...

Nessas noites depois do amor

Com o cigarro a quatro mãos

Debruçada em teu peito pressentindo a dor

Prolonguei um pouco mais o momento.

(Tentei parar o tempo, em vão...)

Encenei mentalmente o cenário

Da peça o terceiro ato...

Nossas roupas em desalinho pelo chão

Lembrava-me a noite, cheiro e paixão!

Duas taças vazias ao lado,

Numa delas, meu batom marcado.

Trago o cigarro a boca; outro trago

Sentindo-te apertar-me num abraço

No tão leve toque de mãos.

Nem supus querer desatar o laço

Com tanta frieza e exatidão.

Gravei a fogo na mente o cenário:

Nosso amor emoldurado no espelho

Meu Deus! Que quadro perfeito!

Em ângulo, cor, forma e posição.

Não pude parar o tempo...

Mas protelei, a dor e o momento

Sorvi a última gota de sentimento

Antes da inevitável separação...

Lena e Virgínia-19/12/08

Obrigada, amiga, pela cumplicidade poética!

Beijos.