10 de Agosto

(Anna Marsigli)

10 de agosto nasceu um pedaço meu

o outro pedaço já havia nascido e

foi dado a alguém muito arretada por sinal

que eu só vim a conhecer

quando já tava quase cansada de procurar

esse tal outro pedaço meu

que não por coincidência

havia nascido também num dia 10 de agosto

pra que eu não ficasse tão sem pistas

de onde procurá-lo

nem que fosse um signo astrológico

não um signo qualquer

tem que ser de leão que é nobre por si só

tem majestade já no nome

(Simoni Maranhão)

10 de agosto

uma outra felina

uma outra menina

foi longe explodir

foi chover e brilhar feito sol de primavera

feito quem arde sem saber

outra de mim surgiu como quem aponta caminhos

como quem abre rebentos, como quem já é dona de si

outra eu, em outro lugar

vidas simultanêas, universos paralelos

mentes pensantes, corações desejosos

minha outra eu, minha irmã, sonho de fogo

brisa e tempestade, raio e trovão

sedenta, faminta por mais de mim

por mais do SER MAIOR, por mais do querer

agostos, a gostos, a mim, a ela, a nós, a todos

(Anna Marsigli)

Alguma coisa tinha que explicar essa coisa

de duas pessoas muito parecidas e aparecidas

e que gostam das mesmas coisas

qualquer coisa como o dia da vinda ao mundo

tinha que ser mantido pra explicar tal fato

um pedaço nascido antes

outro pedaço nascido depois

ambos pedaços do mesmo barro

ou farinha do mesmo saco

ainda não se sabe

logo mais teremos notícias

desse encontro dos tais preciosos pedaços

isso se já não cismou de cair algum astro lá do céu

meio abalado com o causo

(Simoni Maranhão)

Minha outra eu, irmã minha, meu favo de mel

tens cândura no falar, teimosia no amar

fera, fada, sereia, bicho, mato, flor

irmã minha, em outros dias, nossas almas pulgentes

nossas vidas nem precisavam se cruzar fisicamente

pois no astral, onde nosso ser é mais que vivente,

onde nossa estrela não é cadente

onde somos extensas, densas, deusas, santas, desejadas

adoradas, cobiçadas, amadas, idolatradas, veneradas

por todos os outros deuses, de todos os outros universos

somos criação, criaturas e criadoras,

somos estúpidas por só querer, por tanto querer

querer essa vontade de criar, criar outros mundos

dentro do nosso próprio mundo

minha outra eu, irmã minha

10 de agosto não foi dia,

não foi noite, não foi,

ainda é, instante de absurdo,

de insensatez, de prazer exorbitante, pois este mundo vil

foi contemplando e ainda está sendo agraciado

com nossas energias fluentes

em todas essas estações que aqui denotam todo o sentido da vida,

o sentido do sentir, do só sentir

Simoni Maranhão
Enviado por Simoni Maranhão em 21/10/2008
Reeditado em 21/10/2008
Código do texto: T1239597
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.