Acordo do Destino
Entorpecedor sonho da mais perfeita ilusão
Que anestesiou minhas veias com emoção
Em que manto assombras essa tua dor?
Eis a questão imposta que se descortina
Diz-me qual é essa canção que me destinas
Quando a tiraste da lavra e da minha visão,
Donde escondes as garras dessa prisão?
E quanto será que perdurará essa devoção
No desamor tu, sonhador no teu revelar
Invades com calma os recônditos desta alma
E dilaceras-me com teu olhar de doce paixão
Este poeta aprendiz vagando em excitação
Saciando e chamando o meu pensamento
E ali permanecendo... Roçando e afagando,
Se revelando no singelo do teu firmamento
E possuídos diante deste irresistível encanto
Sob essas asas do vento, em ti me desfaço
Tudo quero, tudo aspiro e espero, nada faço
Na cor límpida do puro absinto e desse ardor
Que devora este corpo ébrio de singelo torpor
Deslizando como uma inebriante poesia,
Alinhavando-se com o seu talento realizador
Na mais perfeita sincronia deste meu dia a dia
Navegamos embriagados por essa feitiçaria
Inefável e ardente sensação dessa doce incerteza
A corroer minhas entranhas sem qualquer aviso
E plagiando os meus sentidos e o meu abrigo,
Fazendo de mim um miserável mendigo
Nessa tristeza que dilacera o meu coração
Percebo e vejo passar a força dum nobre furacão
Que se entrega ao pleno encanto desta imensidão
Assim a vida sorri na fome da sua plena mutação
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Dueto: Salomé & Hilde