Horário da Tristeza
Ela até tentou marcar hora
Toda sorrateira e faceira
Mas minha agenda cheia
Deixou de fora a tristeza
Também nem sei a que ela vem
A danada da senhora o que tem...
Não sabe então que não atendo
Sem uma devida hora marcada?!
Não adianta insistir. Não a recebo!
Nem tente adentrar o meu corpo
Ou roubar o sorriso do meu rosto
Aviso ou sem... Eu não lhe presto!
O meu riso já está de sobreaviso
À sua perfídia está todo imune
Há de derrotá-la. Não ouse atacar
O meu lume e prumo são tinhosos
Se vier... Vai me encontrar cantando
Dançando com as minhas crianças
Plantando poemas na rua e na lua
Vivo fazendo o bem ao lado de anjos
Dormindo numa boa. Sem usar toca!
Nem tente gritar e esbravejar comigo
Que eu não vou chorar e dar-te abrigo
Nem vá pedir licença a solidão ‘amiga’
A essa quero arrancar os seus dentes
Arrastá-la a solavancos, sem pudor...
Nem educação... Ela que venha pra ver!
No combate entoarei estes meus versos
Nada rimados, floridos, perdidos e achados
Todos onipresentes, pecadores e salientes
Num rompante pouco menos que um instante
Gritarei triunfante um grito de guerra vibrante
Alguém há de ouvir e estar comigo nessa luta
Por poemas livres, alados, de pensar, de sofrer
Pedindo licença à arte da imaginação e do saber
Que pelo menos por hoje posso pensar ser poeta!
Dueto: Nalva & Hilde
Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes