Esculpindo o Silêncio-Maria Thereza Neves & O silencio do verso-José Ribeiro Zito

Esculpindo o Silêncio

Maria Thereza Neves

Escutando a alma

as mãos criando, deslizando

acompanham o pêndulo que lê o silêncio

a carne esculpida na pedra

dando vida aos pensamentos...

No sangue pulsam palavras

que não choram lamentos

desnudam muralhas

abstratas ,complexas, indecifráveis...

libertando a sede do poeta

a plenitude das magias próprias

labirintos grávidos

partos do sentir.

Abrindo portas do coração

atento à todas súplicas

ao ilusório girando a volta

mudanças ,lembranças

da vida fechada,trancada

aos rumores vagos em chamas

a vertente fria,nua vazia cama

a desgraça carregada de chuva

e as mãos unidas, solidárias.

Sou reflexo dos surdos sons

no amanhã distante

rascunhos que entalham o tempo

relevos ao falar do vento

escombros dos pianos estéreis

entre luzes e sombras

em vôos internos

esmago-me no azul dos sonhos

além das cores, da humanidade

escrevendo Histórias além dos horizontes

recriando vidas nas rochas

esculpindo o silêncio !

&

O silencio do verso

José Ribeiro Zito

Uma lágrima batida de fogo

Ateou-me a palavra

As letras riscadas arderam

á flor da carne

E o silencio da alma

Estalou em chamas

Uma só gota caída

Apagou-me o fogo

O lastro encostou-se ao verso

E entrou-me pelos olhos dentro

Como furacão acordado

O verso recolheu ao fundo

Quedou-se em cinzas

A crepitar ruídos

E silenciou a palavra dita

Pra ouvir a respiração

Das letras renascidas

à mão do coração

Brasil/Poerugal-9/3/06

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 09/03/2006
Código do texto: T120836