Mãos ...
Veja minhas mãos procuram vida
Esquecida em gavetas desbotadas,abarrotadas
Na neblina
mãos delicadas e sensitivas
que tateiam com carinho
como se tocasse um frágil arminho
Na suspeita de uma noite estrelada...
Veja minhas mãos intercaladas
Mergulhadas entre seixos, passados E madrugadas.
Mãos que acenam adeuses
Mãos que chamam de volta...
E carinhosamente afagam
Não, já não quero nada
Nem mar, nem lua,nem verso
Não desejo nenhum progresso
E mesmo quando triste
Quando dormita a esperança
Quando abandonada criança...
Só margaridas transplantadas
Veja minhas mãos estão feridas
Tombando esquecidas
Ainda que sangrando
Pétalas feridas por espinhos
Ainda fazem ternas carícias...
Em um espelho
Em tua imagem refletida...
Assim mãos que se abrem
Para abraçar-me docemente...
Demarcus & Juliana Cruz