Amor no Sertão

É no deserto dessa caatinga

Onde tudo parece morte

Onde o sol resseca a vida

Embaixo desse algaroba te dou prazer

Só nosso amor não deixo morrer.

Palhas, folhas secas, esturricadas.

Um duro chão, um céu clarão.

Eu esqueço minha sede,

Bebendo da tua fonte dentro da rede.

Alimento-me das flores desse sertão

Do cantar dos passarinhos

E onde o sol se esconde eu te levo em sonhos

Beijo-te e banho-te, e te aninho.

Tu és o meu querer

Debaixo da palhoça ou do cobertor.

Na poeira desse caminho.

Ofereço-te todo meu amor.

PAULABEL

Ao ver a terra ardendo no sertão

Na seca que destrói tanta esperança,

Na luz de um candeeiro ou lampião

Amor batendo forte na lembrança

Depois de tanto tempo andando em vão

O olhar da minha amada enfim me alcança

Aquece qual fogueira de São João

Trazendo ao coração uma festança.

Os olhos da morena se espalhando

Mudando a cor de toda plantação

Asa branca voltando como em bando

Deixando para trás a arribação.

O amor veio de novo verdejando

Promessa de divina floração

Marcos Loures