NO ALPENDRE...José Geraldo Martinez /Maria Thereza Neves
NO ALPENDRE...
José Geraldo Martinez
No alpendre da saudade,
tu foste a ave que cruzou o crepúsculo de canto a canto...
A mesma que pousou no adeus
dos meus lábios e bebeste
de meu amargo pranto!
No alpendre da saudade,
tu foste sombras na noite que caía,
vento que em minha janela gemia,
punhal cravado na solidão...
Foste manto de lua que dormia,
em longa estrada que aparecia
com toda prata pelo chão...
No alpendre da saudade foste o susto!
Realidade: Adeus! Nunca mais !
Momentos de divagações...
Final de minhas ilusões,
início dos meus temporais!
No alpendre da saudade foste a chuva
que ainda teimava em brotar a açucena morta...
Uma torcida para que tu levasses a chave da porta,
lampejos de um perdedor!
No alpendre da saudade eu vi uma tímida esperança,
quando ainda li nos olhos teus,
que apesar do teu adeus...
Ainda existia amor!
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NO ALPENDRE...
Maria Thereza Neves
Naquele alpendre,da dor, do amor
me senti a ave da saudade
por tantos, tantos crepúsculos
abafando meu canto
meu pranto !
Naquele alpendre da saudade
plantei poesias a florir
espalhei versos de folhas
pedi ao vento que soprasse
até sua janela...
implorei a lua para
com o luar cobrir tua solidão!
Naquele alpendre da despedida
da hora do adeus
das recordações
das ilusões que partiram
deixando marcas
almas feridas e nada mais.
Naquele alpendre das
esperanças mortas
das tempestades na alma
das trancadas portas
nada mais conforta
nada mais retorna !
Naquele alpendre da saudade
com saudade da saudade
percebi que, naquele dia
morri, nunca mais
consegui sorrir!
14/08/08-19h30
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