KATHLEEN LESSA e WALTERBRIOS
LADO A LADO, SEPARADOS... Nunca os mesmos bancos escolares.
Nunca as mesmas brincadeiras de criança.
Nunca as mesmas ruas de passeio.
Nunca os mesmos discos na vitrola.
Nunca os mesmos livros nas mãos.
Nunca os mesmos filmes na sala escura.
Nunca as mesmas festas, danças e folias.
Nem as mesmas dores.
Nem a similaridade de amores.
Nem os caminhos e buscas.
Nem as perdas e desencontros.
Nem os encontros ao pé-de-ouvido.
Nem os mesmos tormentos e dúvidas.
Nem as certezas e ideologias.
Nem as mesmas referências.
Nem o cruzar dos sentidos.
Nem um olhar.
Nem um abraço.
Nem um toque.
Nem um beijo.
Nem riso, esgar ou sorriso.
Nem lágrima ou choro.
Sequer um café num desses bares da moda,
Um almoço de domingo,
Um chá com biscoitos ao cair da tarde,
Um brinde com cálices e vinho.
Nem a mesma paisagem.
Nada o mesmo.
Tudo singular e em separado.
Estamos distantes, em cidades diferentes.
E no entanto,
Toda a diferença e distância
Viram identificação
Intimidade
Comunhão
Viram eternidade
Na dança que une você e eu,
Enlaçados de amizade.
Saudade...
Saudade dos nossos passados separados
Mas que nos juntaram em poesia,
Lado a lado,
Bordados na mesma tira de cambraia.
Trama dos deuses...
Sopram rostos
E unem almas em trança.
Kathleen Lessa
25 de novembro de 2004 – SP
SEPARADOS, NÃO DESAMPARADOS...
Não no mesmo banco, mas em escolas.
Não brincamos iguais, mas fomos crianças.
Não na mesma rua e no mesmo passeio.
Os discos foram outros, em vitrolas diferentes.
Livros de outras letras, mãos e canetas.
Cinema às vezes, cada um de seu lado.
Festas sem danças e poucas alegrias...
Não foram iguais, mas dores foram muitas.
Meus amores foram poucos, mas gostosos e safados!
Faltou alguém,
(Terá sido você?)
Para cruzar os sentidos,
Para bater um olhar,
Trocar um abraço,
Colar um beijo na boca,
Rasgar um sorriso no rosto,
Uma lágrima de saudade na face,
Sozinho nos bares e em outros lugares.
Domingo almoçando e os Beatles cantando.
Ah! O chá das cinco eu já tomei
E nunca foi inglês.
Vinho depois das seis.
Mas cada um distante e desavisado....
Entretanto a rede nos une
E nos dá os sinais de vida e pulsação.
Nos torna íntimos, mão na mão
Numa só comunidade
De vida eterna e sincera fraternidade.
Deus soprou nossos corpos.
Ilumina nossos rostos
E embala nossas almas entrançadas.
Walter BRios
Salvador - Brasil - 29/11/04