Se nós se gostasse // E Deus deixasse
Se nós se gostasse // E Deus deixasse
Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nós dois se impariasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse
Se juntim nós dois morresse
Se pro céu nós assubisse
E, porém, se acontecesse
Que São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer quarquer tolice
E se eu me arriminasce
E tu com eu inssistice
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Da vês que nós ficasse
Da vês que nós saísse
E o céu furado arriasse
E as virge toda fugisse.
(Zé da Luz - direitos autorais reservados)
E Deus deixasse
Num sei o que de mim será
Ou cum as virge que caísse de lá
Só queria sabê de mim e dossê
Que nóis dois ia voltá
Pra terra depressa a avuá
Cum afoite que só nóis interessa
Que só nóis intende o pruquê
Pedia então a Nosso Sinhô
Chutá nóis dois de lá
e as virge todas prendê
E a barriga do céu custurá.
Sabeno ocê de todo amô
De tanto carinho e calô
De tanto sonhá em querê
Nóis dois voltava vuano
Que fosse ainda pro’ano
E drumiria de novo
Agarradinha cossê.
(Célia Matos)
In memóriam a Marcos Dizeu, que me ensinou, enquanto vivia, admirar o poeta Zé da Luz da Paraiba.