Se nós se gostasse // E Deus deixasse

Se nós se gostasse // E Deus deixasse

Se um dia nós se gostasse

Se um dia nós se queresse

Se nós dois se impariasse

Se juntim nós dois vivesse

Se juntim nós dois morasse

Se juntim nós dois drumisse

Se juntim nós dois morresse

Se pro céu nós assubisse

E, porém, se acontecesse

Que São Pedro não abrisse

A porta do céu e fosse

Te dizer quarquer tolice

E se eu me arriminasce

E tu com eu inssistice

Pra que eu me arresolvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Da vês que nós ficasse

Da vês que nós saísse

E o céu furado arriasse

E as virge toda fugisse.

(Zé da Luz - direitos autorais reservados)

E Deus deixasse

Num sei o que de mim será

Ou cum as virge que caísse de lá

Só queria sabê de mim e dossê

Que nóis dois ia voltá

Pra terra depressa a avuá

Cum afoite que só nóis interessa

Que só nóis intende o pruquê

Pedia então a Nosso Sinhô

Chutá nóis dois de lá

e as virge todas prendê

E a barriga do céu custurá.

Sabeno ocê de todo amô

De tanto carinho e calô

De tanto sonhá em querê

Nóis dois voltava vuano

Que fosse ainda pro’ano

E drumiria de novo

Agarradinha cossê.

(Célia Matos)

In memóriam a Marcos Dizeu, que me ensinou, enquanto vivia, admirar o poeta Zé da Luz da Paraiba.

Eny Miranda
Enviado por Eny Miranda em 26/07/2008
Código do texto: T1098745
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