Poetas e jardins
Ousamos declamar as sementes
Do amor que brota pela mente...
No solo fértil da criação nascente
O que importa é plantar... Somente!
No chão ou beira de uma calçada
Para que o romance se realce...
Resgate a vida como prelúdio
Pela sinfonia das palavras doces
Como simples jardineiros a sonhar
Com os desígnios de suas flores...
Aos cuidados delicados com as cores
Naquilo que foi perfumado em palavras
Para verem nascer às musas ou as mudas
No silêncio que fertiliza a frágil... Delicada
Planta da terra esquecida e viril... Intensa!
Assim se faz das fases às mudas tocarem
Com a mesma singular ternura... No ar
Ao tornarem-se belas musas a brilhar
No cultivo dos versos em fecundação...
Poetas singelos semeiam solidão e nostalgia
Fazem crescer esta cepa que inebria
A magia das carícias de suas mãos...
Ao plantarem possibilidades de emoção
Conseguem florir até instantes de solidão
Ao perpetuarem lindamente estes sentimentos
Entre a estiagem seca e agreste de um verão...
Os poetas são álacres como as cores da paixão
Que se redobram nas manhãs... Em excitação
No jardim desta calçada... Ficamos a sonhar
As suas podas e as poesias a nos encantar
Sentimos os seus toques meigos com a voz
Que traduz das palavras que absorvemos...
No desabrochar como um espontâneo sorriso
Impossível absorver e descrever o seu fascínio
Tudo em delicado cuidado ao não nos deixar só
Dedicados jardineiros... São os poetas que amam
Mais que o tempo subtraído de vós... Para nós
Fazendo da face qual flor orvalhada, brilhando
Ao sol nos olhos refletidos, protege-nos sempre...
Das dores do mundo... Fiquem conosco neste jardim
Jardineiros dos dias que de tantos sopros ao vento
Curam-nos das vadias e insanas melancolias
Poetas de todos os tempos... Falem... Gritem!
Da vida etérea e eterna... Pelas suas poesias
Colherão de nós as mais belas e melhores rosas...
Do amor que transcenderá ao tempo e ao espaço
Pelas letras... Contidas nos escritos dos versos e prosas.
Duo: Nalva & Hilde
Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes