O papel e a vida
Os senões estão sempre surgindo...
Contemplando mais não do que sim
Tateando seguimos na escuridão!
Tentando encontrar a solução...
Ouvimos paredes e vemos zumbidos
Apagamos as frestas da porta
Estragos que fizemos nas encostas
Todos entornados... Janelas afora
E se sozinhos nos entregamos
Vamos ao sono que nos distrai os sonhos
Logo vemos o pranto que se desmancha
Lá no traço que surgiu do passo insano
E claro fica, e noite fica, e o dia...
Que não vem no punhal singrando...
Vida no redesenho do coração
Amedrontado que não mais chora...
Se das negras nuvens não emana
A chuva que seca a ávida sede
Da penumbra se batem as paredes...
Pelos sonhos, janelas e amanheceres...
Dia vem... Tanto quanto desejares
Amanheça um dia sequer que seja!
Para ter a luz do sol flamejando...
Pelo calor que de mim não se aquieta
Como preciso que essa noite passe...
Ou que eu finalmente durma ou desfaleça
Para que descanse da lida e a paz se faça
E o barquinho não se derreta neste oceano
Intenso e implacável siga pelas ondas o plano
A rota marítima... Driblando os desenganos
E o traço supere esse frio que me abraça...
E vença essa noite triste que não passa
Feita de saudades e fartas melancolias
De falsos arrebóis... Poesia e céu que dói
Sem estrelas e vidas em vão... Que corrói
Assim... Entre o sono e o cansaço... Durmo!
Duo: Nalva & Hilde
Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes