Paradoxos do poeta
Na folha parda eu faço um traço...
Na vida dou sempre mais um passo
Da escrita tenho feito minha subida
Para conter a tristeza das despedidas
No papel eu amo à toa...
Na vida amo paredes e masmorras
Pelos poemas eu vôo numa boa...
O que pela vida bebi de água salobra
Da dobra eu faço um barquinho...
O barquinho no sonho navega
Pelas esquinas caminho sozinho
Buscando somente carinhos
Na vida eu não faço nada...
Senão senões e à deriva trafego...
Pelos encontros e desencontros
Procuro realizar o que proponho
Entre papel e vida, lápis e poeta...
Misturam-se na visão consumista
Pelas letras palavras e versos...
Gritos, gemidos, sofridos, transversos
Do nada de repente surge um arrebol...
Que depois é fraco no escuro do quarto
Onde povoa e entoa cantos e loas...
Para chegar ao coração de uma leoa
Às vezes imagens vêm, a folha sobre o criado...
O lápis guardado... À espera de ser lapidado
A alma ri e chora com um punhal no peito...
Atinge o fulcro do poeta com sua angústia
Onde se veste e se despe nas buscas...
Da amada que o espera mesmo nas trevas
O barquinho deslizando oceano abaixo...
O sonho se esvaindo para todo lado
Assim perfazem o curso e os percursos
No uso e desuso dos próprios recursos
Duo: Nalva & Hilde
Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes