Comum

Sou só mais um comum

Diferente de nenhum

Dentre tantos por aí

Que gostariam de sumir

Por um milagre impossível

Ou só ficando invisível

Aos devoradores de vida

Que deixam minha fé contida

Acreditando que tenho chance

Tendo o mundo ao meu alcance

Quando a verdade é cruel

Apenas cumpro um papel

Sem ter sequer o escolhido

Cuidando que fosse mantido

Me achando especial o bastante

Como dito na caixa sobre a estante

Crente que ser fiel e desejar profundo

É o necessário para sacudir o mundo

Tendo a certeza de que uma força estranha

Aliada à dedicação sem espaço para manha

Me trará, sem dúvidas, tudo que desejo

Até que como um fracasso eu me vejo

Passo a questionar tudo que acredito

Deixo até de entender pra quê existo

A fé, não mais contida, agora extinta

Me torna uma tela pintada sem tinta

Desproporcional e despropositado

Como um dejeto a ser descartado

Mas sempre desencorajado a reflexão

A resposta está na tela em minha mão

Tenho o que preciso para vencer

É o que os vejo sempre me dizer

Mas, vou vencer o quê afinal?

É a vida ou um jogo de pinball?

Não importa, eu quero a vitória

Poxa, o que é a vida sem glória?

E me vem a sensação de achar uma resposta

Ao querer achar culpados por perder a aposta

Me dei conta de que estive errado

Ninguém, nada, pode ser culpado

Quando a verdade é cruel

Apenas cumpro um papel

Sou só mais um comum

Diferente de nenhum!