Baile de Máscaras
“Baile de máscaras... em que todos se disfarçam, as palavras não traduzem a verdade - e a voz, o gesto, o andar estão na mesma forma diferentemente representados.
E em que até os acontecimentos fogem às vezes à aritmética das probabilidades.
Baile de máscaras... Vida.”
Lucilo Varejão
Me lembro dos dias dos carnavais,
As festas, os cantos, os festivais.
Piadas com amigos camaradas,
Os disfarces das festas mascaradas.
Que alegria era todos de máscaras!
Que orgulho era usar as mais caras.
Saudades do tempo da diversão,
Tempo de rua e aglomeração.
O tempo passa, mas não mascara
As lembranças de uma época cara.
Hoje usamos todos outra máscara,
Mas é bem pior estar numa maca.
Já não há festas a ser festejadas,
Há só meias verdades mascaradas.
Tudo causa medo, tudo dá pena,
Encarcerados nesta quarentena.
Estamos com o mundo conectados,
Sem sair para não ser contagiados.
De um lado, há máscaras faciais
Enquanto caem máscaras sociais.
Hoje se pode ver toda a verdade -
Todo o egoísmo e a caridade.
O passado alegre, o presente duro,
Ninguém sabe o que será do futuro.
13 de fevereiro de 2021
Publicado na revista Marim dos Caetés, do Instituto Histórico de Olinda, edição nº7, de 2022, páginas 214-215. Disponível em: https://www.iholinda.org/wp-content/uploads/2022/09/N-7.pdf