PÁGINA ANVERSA
De tardinha, debruço sobre o horizonte,
Para sentir o esvair do sol na cova da noite.
Em minhas costas escancara o fusco luar,
Num meigo iluminar das sombras recolhidas.
Bem sozinho debuxo esboços de minha alma,
Na fruída página anversa do espaço-tempo.
Com minhas trêmulas mãos acaricio a noite,
Nos degredos e segredos da bem-aventurança.
Sigo célere nas veredas que nutrem a vida,
Dou-me um tempo e me postergo em viver
De manhãzinha, debruço sobre o horizonte,
E sinto na fronte o nascer do sol, na luz do dia.