CHUVA MIÚDA
CHUVA MIÚDA
Debruço-me no parapeito da janela...
Lá fora, a chuva, é uma fina garoa
caindo, e apenas vejo uma pessoa
em seu labor, pintando uma aquarela.
Um artista, que se inspira na chuva
miúda, trazendo, paciente, para a tela,
junto ao parapeito de sua janela,
toda a solidão fria da manhã turva.
Tal o artista, eu não pinto, mas escrevo,
em meio ao desalento das horas lentas.
Pois a arte me convida a ser um servo
humilde, refletindo na manhã nevoenta.
Então, eu me encanto, com a alegria
que a chuva fina, na manhã, me traz.
E, da solidão que emana do turvo dia,
eu sinto, tão calmo, o conforto da paz.
Adilson Fontoura