Olhares (I)
Há olhares feito pérolas negras
Que carregam dores e alegrias
Ao fitá-los, vago no tempo
Imersos em mistérios e encantos
Quando perseguidos pela saudade
Afundam em violentas ondas
Ao chegar o inverno
Quem decifrará os teus versos?
O anoitecer num instante
Formam as mais belas constelações
E o sol de luz profunda
Irradia-os em cetim dourado
Procuro-os para entendê-los
No entanto falho em tentar
Que graça bendita desvendar
esses olhares imersos em sonhar
Nunca se cansam
E cada dia compõe uma canção
Ninguém sabe o segundo ou tempo exato
Em que de súbito brotou tanta inspiração!
Nem Rei ou Rainha das Terras do Sul
Desvendaram o segredo contido
Quem saberá como cresceu
Nesse jardim essas raras flores?
Toda a terra se transforma em neve
Assim que os teus pés projetarem ao solo
Afundariam por tanta maciez
Como algodão carregado pelo vento
As aves decorariam todo o trajeto com flores
Para festejarem a sua doce chegada
O luar banharia as ruas da cidade
Só pra brilhar em teus olhos a felicidade
Aproveita para passear pelas estradas
com esses olhos a sonhar procuram
Em meio a tanta gente, indaga:
Quem terá finitas décadas de ventura?
Que Deus em sua infinita bondade
Conceda que esses versos
Pairam levemente sob esses olhos,
somente para o encontro com os meus:
Um eterno sorrir
Embora se tenha dores
Uma explosão de felicidade
Encantado por tanta doçura!
Que jamais te aflija a cegueira ordinária
E que atento esteja quando esses olhares chegarem!
Eis que atravessarão as fronteiras do tempo
Para que, eternamente neles abrigarem!